De volta à poesia, Madô Martins
lança Perdas & Danos
Treze anos após o primeiro, Madô
Martins lança novo livro de poesia: Perdas
& Danos, que o editor e escritor Ademir Demarchi considerou sua melhor
obra. O lançamento está agendado para o próximo sábado (16/6), na Pinacoteca
Benedicto Calixto, das 17 às 20 horas, quando trechos da obra serão encenados
por Célia Faustino e Márcio Barreto dos grupos Percutindo Mundos e Núcleo de Pesquisa do Movimento - Imaginário Coletivo.
Publicado pelas Edições Caiçaras, de
Márcio Barreto, trata-se de um livro artesanal em que cada exemplar traz uma
capa exclusiva, confeccionada com material reciclado. Nele estão poemas que
abordam o luto e suas consequências, quando um amor que atravessou décadas
termina por força do destino.
A autora transita por sentimentos
profundos com emoção contida, mesclando lembranças do passado à dor da atual perda.
Compara os versos às manifestações do tango e do fado e propõe ao leitor dois
tipos de leitura: a linear e a interativa, onde se pratica a busca de palavras
idênticas em poemas variados, em que adquirem sentidos diversos.
Durante a confecção deste que é seu 11º
livro, um conjunto de cinco poemas
de Perdas & Danos recebeu Menção Honrosa no Concurso Nacional de Poesia do
Clube de Escritores de Ipatinga - Clesi, de Minas Gerais.
Como em Doce Destino, publicado por Massao Ohno
em 1999, Madô conserva a musicalidade e a concisão em seus poemas, que
raramente ultrapassam uma página. Segundo a escritora Regina Alonso, as poesias
conversam entre si, quase a formar um romance em versos. A autora revela que “quando terminei o livro, estava extenuada, como ficam as mulheres após o
parto. Mas em paz. A dor que nasceu em mim nascera de mim, saíra de mim. Ao me
habitar, deu-me poucas opções. Descartei morrer, descartei enlouquecer. Escolhi
escrever, deixar de lado os pudores, reviver um a um os sentimentos e
transformar feridas em palavras”.
Segundo o editor Márcio
Barreto, “neste belíssimo livro de poemas, o lirismo da perda, do amor que
acaba mas não finda, faz com que o avesso emudeça o silêncio para não perder a
razão, o chão que tão incertamente pisamos quando o mundo parece estar de luto.
Poema a poema Madô revira as delicadas nuances do sentimento que envolve a
perda repentina do amado, a perda definitiva e atroz, sem chances ou esperança.
Nesse momento nos revela a sutileza de travesseiros repartidos pelas lembranças
das dúvidas, sonhos e fragmentos da vida amorosa: Soube da tua morte / por amigos.
/ Eu, que há muito / te sepultara, sete palmos abaixo da memória. Estranhamente a morte renasce o
sentimento e o amor aflora como quem descostura pregas e bainhas para
depois recosturá-las palavra por palavra”.
“Perdas & Danos é um
mergulho em noites onde vestimos a dor pelo avesso, onde o
feminino se mostra em suas mais contundentes contradições – acrescenta Márcio. Um
livro para viver e reviver grandes amores. Um livro dentro de outros livros
onde o leitor é levado por uma interessante correlação das palavras nos poemas
que funcionam como links de sensações”.
"Perdas e Danos é o melhor livro de Madô Martins, pois com esse conjunto de poemas ela atingiu um alto grau de desencanto, de autocrítica e de efeitos de linguagem, ao mesmo tempo simples e direta, que desconcertam o leitor com seu impacto. É a voz de uma experiência que fala, sem buscar consolo, pois ao amor que se perde definitivamente com a morte, somente a memória recupera. A voz poética que sobressai dos poemas é cortante em sua sugestão: os ganhos do amor são sempre falsos e enganosos porque sujeitos a serem engolidos pela voracidade das perdas e danos que advêm quando se esvazia a fantasia em que se sustentam. Assim, se o amor vivido acaba engolido pela sensação impactante da perda e de seus danos, ele só ganhará novo sentido e potência ao se recuperar na linguagem poética, quando ganha nova grandiosidade porque nova experiência se constituiu, agora com a escrita". Ademir Demarchi (escritor e editor)
"Perdas e Danos é o melhor livro de Madô Martins, pois com esse conjunto de poemas ela atingiu um alto grau de desencanto, de autocrítica e de efeitos de linguagem, ao mesmo tempo simples e direta, que desconcertam o leitor com seu impacto. É a voz de uma experiência que fala, sem buscar consolo, pois ao amor que se perde definitivamente com a morte, somente a memória recupera. A voz poética que sobressai dos poemas é cortante em sua sugestão: os ganhos do amor são sempre falsos e enganosos porque sujeitos a serem engolidos pela voracidade das perdas e danos que advêm quando se esvazia a fantasia em que se sustentam. Assim, se o amor vivido acaba engolido pela sensação impactante da perda e de seus danos, ele só ganhará novo sentido e potência ao se recuperar na linguagem poética, quando ganha nova grandiosidade porque nova experiência se constituiu, agora com a escrita". Ademir Demarchi (escritor e editor)
Perdas & Danos
Madô Martins
62 páginas
Edições Caiçaras
foto: Edson Bueno de Camargo
Nenhum comentário:
Postar um comentário